As diferenças entre a erva-mate consumida no Brasil e a tipo Exportação
A erva-mate é um produto originário das regiões das bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, que correspondem aos territórios do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O início do seu consumo pelos povos sulamericanos é desconhecido, e remonta aos nativos guaranis que habitavam esses locais. Quando os colonizadores espanhóis chegaram nessas regiões se depararam com os índios consumindo um chá derivado da erva-mate.
Apenas em 1820 o botânico francês Saint-Hilaire classificou cientificamente a planta, conferindo-lhe o nome de Ilex paraguariensis. O consumo como chá ou chimarrão sempre esteve presente na cultura regional da América do Sul e atualmente já se encontra em diversos países de outros continentes.
A Ilex paraguariensis dá origem a diversos tipos de produtos, como o chá tostado ou até mesmo produtos mais industrializados, porém, a sua essência e onde se encontram as melhores características naturais que remontam à sua origem nativa, continua sendo o chimarrão e o tereré.
Quando falamos em chimarrão, imediatamente vêm à mente a imagem de uma cuia e bomba, seja a cuia brasileira ou a cuia dos povos falantes de espanhol, nossos vizinhos de fronteira, que é o modelo coquinho. Mas, as diferenças entre o chimarrão brasileiro e o “Tipo Exportação” não param no formato da cuia, e é sobre isso que vamos tratar agora.
Antigamente, na época auge dos tropeiros, nos pampas gaúchos, o chimarrão brasileiro era exatamente igual ao Tipo Exportação. A erva-mate daquela época e que é a preferida dos países como Argentina, Uruguai e Paraguai possui um processo de beneficiamento que se distingue principalmente devido ao tempo de armazenagem pelo qual a erva-mate precisa passar.
Antes de continuar, você pode saber mais sobre todo o processo de beneficiamento da erva-mate Tertúlia em uma série de artigos neste link – clique aqui.
O processo de estacionamento nada mais é do que deixar a erva-mate descansar por um período de tempo, onde ela envelhece naturalmente. Esse período pode variar bastante, sendo de no mínimo 6 meses, e podendo chegar até 2 ou 3 anos. A erva-mate não estraga durante esse período, sendo muito importante manter o ambiente controlado e seco. Esse processo não significa que a erva-mate Tipo Exportação seja de menor qualidade, o que muda é a percepção do produto na cuia, seu sabor e aroma, ou seja, os fatores culturais e de hábito.
Enquanto no Brasil estamos acostumados com a cor verde intensa, alta cremosidade com formação de espuma e um sabor natural, levemente adocicado e até mesmo que remete ao sabor do mel (saiba mais sobre isso neste link – clique aqui), nos países vizinhos se espera que o chimarrão seja consumido com uma erva-mate de cor amadeirada, sabor mais marcante e persistente, atributos derivados do processo de estacionamento por longos períodos.
Os fatores que levaram a essas diferenças entre o beneficiamento da erva-mate no Brasil e no exterior são, além de culturais, também econômicos.
De meados ao final do século XX o consumo do chimarrão aumentou consideravelmente. Além dos três estados do Sul, a cultura do chimarrão expandiu-se para os estados mais ao norte, principalmente no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Essa forte demanda superou a capacidade produtiva da época e obrigou os fabricantes a utilizarem seus estoques cada vez de maneira mais acelerada, ou seja, a erva-mate que ficava estacionada por longos períodos antes de ser envasada, começou a ser usada mais rapidamente, até o momento em que foi necessário beneficiar e envasar o produto com poucos dias da sua própria colheita.
O pé de erva-mate é uma árvore, e ele demora alguns anos para tornar viável a colheita das folhas para o beneficiamento. Somando esse fato com a demanda de consumo alta, o processo brasileiro de produzir erva-mate demorou vários anos para se estabilizar, tempo suficiente para mudar o hábito e a cultura do chimarrão em nossa população.
Hoje, todos os esforços da indústria e principalmente da Tertúlia é para que a erva-mate seja colhida e beneficiada o mais rápido possível, e mais do que isso, o cuidado na reposição em gôndola é grande, buscando que o produto esteja sempre renovado, para que o cliente consiga encontrá-lo o mais fresco possível.
Mas, ainda há um produto que o brasileiro adora consumir e ele necessita deste período estacionado antes de ser envasado. E não estamos falando da erva-mate Tipo Exportação, porém, isso é assunto para o próximo artigo.
Então, a partir de hoje, quando você consumir uma erva-mate que esteja mais envelhecida, seja porque ficou mais tempo em gôndola ou até mesmo ficou estacionada dentro de sua casa, não se preocupe, se ela foi bem armazenada, o sabor e a cor que você vai experimentar nada mais serão do que um resgate das origens da tradição do chimarrão, e mais do que isso, em breve você poderá desfrutar deste resgate em um produto único, com toda qualidade Tertúlia.
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